Em Cunha, é possível hospedar-se bem e comer bem. São mais de 40 pousadas com os mais variados tipos de acomodação e vários restaurantes que servem desde o trivial variado da comida caipira com influência mineira até a cozinha do interior da França, além de fondues ou receitas à base de trutas, pinhão e cogumelos shiitake, dos quais a região é grande produtora.
Outro grande produto da região é o sossego. A cidadezinha, pacata, não tem um único semáforo. Se alguém parar o carro para dar algum recado à comadre na calçada, quem está atrás espera pacientemente. Sob o céu azul e respirando um ar absolutamente puro, o visitante faz seus passeios às grandes cachoeiras, ao Parque Estadual da Mata Atlântica ou à Pedra da Macela, de onde se avistam 180 km de litoral, cuidando apenas para não atropelar vacas e galinhas pelo caminho.
Cunha começou a se constituir no final do século XVII como um local de parada e descanso de tropeiros. Durante o século XVIII o povoado que ali surgiu teve grande desenvolvimento, graças à movimentação de tropas que traziam o ouro de Minas para ser exportado para Portugal pelo Porto de Parati. Esse povoado, então, foi elevado à categoria de Vila e as trilhas que levavam ao porto foram calçadas pelos escravos que já estavam no país, trabalhando no desenvolvimento do Ciclo do Café, também exportado por Parati. A importância dessa atividade econômica, que foi fonte de imensa riqueza para o país no século XIX, trouxe grande desenvolvimento à região. Ainda hoje há remanescentes das trilhas construídas pelos escravos, que podem ser visitadas pelos turistas.
Em 1858 a Vila de Nossa Senhora da Conceição de Cunha alcançou a categoria de cidade mas, em 1888, com a libertação dos escravos, a atividade cafeeira entrou em declínio e Cunha começou a perder a importância que tivera até então na economia do país. O relativo isolamento a que foi submetida a partir daí é provavelmente uma das razões pelas quais a região conservou, até hoje, seu ar pacato e a lembrança de suas tradições religiosas e caipiras.
Anos mais tarde, durante a Revolução Constitucionalista de 1934, Cunha voltou a receber a atenção do país. Por três meses os soldados paulistas combateram uma tropa da Marinha que pretendia chegar a São Paulo atravessando o Vale do Paraíba.
Finalmente, em 1948, a cidade recebeu do Governo Estadual o status de Estância Climática.
Texto: Ana Maria Sanches Tonussi
Fonte: http://www.cunha.sp.gov.br/?page_id=87#tb_release-tab